Todos
temos dúvidas sobre alguma coisa. Algumas são essenciais, outras secundárias.
Dúvida faz parte essencial da alma humana. Do ponto de vista da ciência, a dúvida metodológica é altamente
produtiva. Ela capacita novas hipóteses e teorias que abrem campos de pesquisa.
Viver eternamente em dúvida e angústia, entretanto, pode ser um inferno. Não
precisamos ter certeza sobre tudo, mas é importante ter convicções em algumas –
Não é pré-conceito (intencionalmente separo estas palavras), mas conceito.
Jesus
afirmou que “entre os nascidos de mulher, nenhum apareceu maior que João
Batista” (Mt 11.11). Receber uma apreciação destas do Senhor Jesus é altamente
positivo, já que ele não se engana com as aparências. João, contudo, enfrentou
sérias crises teológicas, a ponto de enviar dois dos seus discípulos para
indagar: “És tu o Messias que estava para vir, ou devemos esperar outro?” (Mt
11.3). Na masmorra, com privação de tudo, separado de amigos e família, teve
dúvidas.
Moisés
revelou muitas reservas e questionou os motivos de Deus. Deus tirou dele a sua
missão por causa disto e o enviou para casa? Pelo contrário, Diariamente ia
lapidando sua vida, e dando provas de sua presença constante.
Jó
teve muitas lutas e crises. Chegou ao ponto de afirmar que Deus estava sendo injusto
em não permitir que houvesse um tribunal onde ele se defenderia. Acusou Deus de
usar de sua prerrogativa da soberania e controle das coisas. Em 16 ocasiões,
levantou a clássica pergunta: “Porquê”, sem obter qualquer resposta. Deus o
abandonou ou o castigou por isto? Não! No final de tudo, Jó reconhece o
mistério e a graça de Deus, apesar de ter passado por muitas dúvidas.
Habacuque,
outro profeta menos conhecido, questionou diretamente a Deus: “Tu és tão puro
de olhos que não podes contemplar o mal; por que, pois, toleras a existência
dos homens maus?” Jeremias, num momento particularmente complicado de sua vida,
sofrendo rejeição abandono, e humilhação, indagou: “Serias tu, para mim, como
um ilusório ribeiro de águas; como águas que enganam”? Nestas ocasiões Deus
deixou de caminhar com ele? De amá-lo?
Entre
todos os discípulos, Dídimo encarna melhor o protótipo da dubiedade e
claudicância. Mesmo tendo Jesus falado de sua ressurreição, e diante do
testemunho dos demais apóstolos, continuou recusando a crer. Jesus se aproxima
dele, individualmente, e diz: “Não sejas incrédulo, creia somente!” E só assim,
ele se rendeu às evidências.
Deus
nunca abandona um coração sincero. Duras questões não blindam o seu coração.
Nunca
se esqueça:
Deus
nunca despreza um coração sincero, que faz perguntas honestas em buscas de
respostas essenciais. Talvez não responda suas questões da forma como você
queira, como no caso de Jó, mas ao se encontrar com Deus, você terá segurança
em reconhecer: “Eu sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos, pode ser
frustrado”. Afinal, “Deus não joga dados” (Einstein).