Esta é uma oração feita por um dos profetas da bíblia. Seu clamor faz todo sentido, afinal, estava vivendo dias de angustiantes expectativas. Ele ouve os rumores de que a Assíria está se dirigindo para invadir Jerusalém, e como homem de Deus busca o Senhor para que seu povo seja liberto do mal que vem sobre eles, e para seu espanto ouve o Senhor dos Exércitos declarar: “Eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas. Eles são pavorosos e terríveis, e criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade” (Hab 1.6-7). Esta é uma resposta surpreendente de oração, que certamente nenhum de nós gostaria de ouvir. Pedimos para Deus nos livrar do mal, e Ele afirma que o mal foi suscitado por Ele mesmo, para cumprir seus propósitos eternos e sábios.
Habacuque termina o seu livro afirmando que “O justo viverá pela sua fé” (Hab 2.4), e que por esta razão, “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, e exulto no Deus da minha salvação” (Hab 3.17-18).
Ele antecipa o massacre que vem sobre sua nação, reconhece que isto aconteceu por causa da insistente rebeldia do povo eleito de Deus, e por terem abandonado o Senhor seguindo aos deuses falsos. Ele vê a decadência histórica sobre a vida do povo de Israel, e sabe que a única coisa que pode tirar o povo daquele estado de letargia e prostituição espiritual seria o sopro de Deus.
Esta oração é mais que oportuna em nossos dias. Vemos com temor o inimigo fazendo estragos no arraial do povo de Deus, contemplamos com espanto a falência e superficialidade da devoção, o abandono de Deus, e resta um clamor que precisa ser realizado com toda veemência de nossa história: Aviva a tua obra, Senhor!
Na minha história pessoal. Na superficialidade de minha devoção e adoração. Na oração frágil que faço, no compromisso pusilânime com o Reino de Deus.
Na nossa família, como tantos desencontros e dores, com conflitos declarados e dores e amarguras velados. Precisamos de um novo fogo na nossa paixão familiar, e no nosso compromisso com as coisas eternas.
Na nossa Igreja, marcada por um testemunho tão supérfluo nas coisas eternas. Na facilidade com que nos atraímos àquilo que é contrário ao propósito de Deus.
Na nossa Nação, tão infiel na sua religiosidade e na sua ética. Que negocia e aceita propinas como se bebe um gole de café. Num povo fascinado por uma espiritualidade atrelada a demônios, e com uma ética que barganha coisas sagradas.
Precisamos orar no meio do caos: Aviva, Senhor, a tua obra!
Rev Samuel Vieira
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Como aproveitar a tristeza
Certo fazendeiro que plantava laranjas na Flórida foi arruinado na geada de 1895 e então resolveu mudar-se para Cuba a fim de ali recomeçar a vida. Neste novo país conseguiu desenvolver uma qualidade de laranja azeda e nativa que era capaz de produzir o ano inteiro. Isto o transformou num milionário e ali foi condecorado pelo governo cubano por sua contribuição àquela nação. A tragédia, neste caso, se tornou em novas oportunidades. A tristeza e perda foram a causa motriz de seu sucesso.
“Não há mau tempo; o que há são diferentes qualidades de tempo bom” (Ruskin). O nosso mundo enfrenta muita imperfeição, muitas delas causadas pela atitude humana com a forma de viver. Muitas destas tempestades nos atingem em cheio. Unamuno, filósofo espanhol afirmou: “Sou humano, e tudo que diz respeito a humanidade, diz respeito a mim”. O salmista Davi que refere-se a Deus como Bom Pastor afirma: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”. Apesar dEle ser o nosso pastor isto não nos livra do vale da sombra da morte, mas ali experimentaremos a sua consolação.
“Deus está fazendo o que sempre faz. Ele está nos ajudando a tirar algum bem do mal, a criar um novo mundo deste velho mundo. Ele fez isso mesmo na cruz. Jesus tomou a pior coisa que lhe poderia acontecer – sua morte – e fez dela a melhor coisa que poderia dar ao mundo – a redenção... ele está nos ajudando, fazendo com que o pior sirva ao melhor” (E. Stanley Jones).
A Zona do Caribe é considerada uma das áreas de maiores tempestades do mundo. Pilotar ali muitas vezes é um grande desafio. Certo piloto ao ser indagado se os ciclones seriam o maior desafio de um vôo na região respondeu: “Não; podemos até mesmo aproveitar os ciclones. Eles se movem vagarosamente no seu centro; de modo que colocamos o avião nas margens dele, e, assim, temos atrás de nós um vento de cem milhas; ao regressar, tomamos a outra margem do ciclone. Aproveitamos desta forma o ciclone tanto na ida como na volta”. O problema, porém, é quando resolvemos viver no centro do ciclone. Ali os ventos são tão imprevisíveis e violentos, que nenhuma lógica pode funcionar.
O Livro do profeta Naum é um dos menores da Bíblia. Por isto ele é também classificado como um dos “profetas menores”. Neste livro existe uma afirmação sobre Deus que sempre me chama a atenção: “O Senhor caminha no meio da tempestade e da tormenta”. Quando isto acontece, o vale da aflição torna-se a porta da esperança. O que resolve tudo é a hermenêutica que fazemos de nossa vida, isto é, o modo como recebemos isto ou aquilo, e não o que nos sobrevém. “Um bocado de fé levará sua alma para o céu, mas uma tonelada de fé trará o céu à sua alma” (Moody).
“Não há mau tempo; o que há são diferentes qualidades de tempo bom” (Ruskin). O nosso mundo enfrenta muita imperfeição, muitas delas causadas pela atitude humana com a forma de viver. Muitas destas tempestades nos atingem em cheio. Unamuno, filósofo espanhol afirmou: “Sou humano, e tudo que diz respeito a humanidade, diz respeito a mim”. O salmista Davi que refere-se a Deus como Bom Pastor afirma: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”. Apesar dEle ser o nosso pastor isto não nos livra do vale da sombra da morte, mas ali experimentaremos a sua consolação.
“Deus está fazendo o que sempre faz. Ele está nos ajudando a tirar algum bem do mal, a criar um novo mundo deste velho mundo. Ele fez isso mesmo na cruz. Jesus tomou a pior coisa que lhe poderia acontecer – sua morte – e fez dela a melhor coisa que poderia dar ao mundo – a redenção... ele está nos ajudando, fazendo com que o pior sirva ao melhor” (E. Stanley Jones).
A Zona do Caribe é considerada uma das áreas de maiores tempestades do mundo. Pilotar ali muitas vezes é um grande desafio. Certo piloto ao ser indagado se os ciclones seriam o maior desafio de um vôo na região respondeu: “Não; podemos até mesmo aproveitar os ciclones. Eles se movem vagarosamente no seu centro; de modo que colocamos o avião nas margens dele, e, assim, temos atrás de nós um vento de cem milhas; ao regressar, tomamos a outra margem do ciclone. Aproveitamos desta forma o ciclone tanto na ida como na volta”. O problema, porém, é quando resolvemos viver no centro do ciclone. Ali os ventos são tão imprevisíveis e violentos, que nenhuma lógica pode funcionar.
O Livro do profeta Naum é um dos menores da Bíblia. Por isto ele é também classificado como um dos “profetas menores”. Neste livro existe uma afirmação sobre Deus que sempre me chama a atenção: “O Senhor caminha no meio da tempestade e da tormenta”. Quando isto acontece, o vale da aflição torna-se a porta da esperança. O que resolve tudo é a hermenêutica que fazemos de nossa vida, isto é, o modo como recebemos isto ou aquilo, e não o que nos sobrevém. “Um bocado de fé levará sua alma para o céu, mas uma tonelada de fé trará o céu à sua alma” (Moody).
Quando se perde o amor...
No capítulo 2 do livro do profeta Jeremias, Deus está convidando seu povo ao arrependimento e uma volta para sua direção. Israel havia se desviado de Deus, indo atrás de propostas ilusórias, deixando o manancial de águas vivas e cavando cisternas que não retinham as águas. Deus chama seu povo, alerta sobre os riscos de viver longe dele e demonstra que tais escolhas trariam resultados amargos, mas ainda assim o povo não mudava sua trajetória de descaso e frieza.
O que estava acontecendo?
Creio que a resposta a esta dificuldade encontra-se no vs. 25. O povo respondeu ao Senhor: “É inútil, porque amo os estranhos e após eles irei”. O problema daquele povo tinha a ver com seu coração – era uma questão de afetos que foram deslocados de Deus para os ídolos. Quando o coração se perde, toda a referência, valor e construção deixam de fazer sentido.
Imagine um homem dizendo à sua mulher depois de 15 anos de casado: “Descobri que não a amo mais. Vou continuar vivendo contigo, vou cuidar de você, não vou desampará-la, nem sair de casa. Mas eu não a amo mais...” Tudo o que esta pessoa fizer daí por diante, nada mais representa para aquela mulher. Fazer as coisas sem que o coração esteja envolvido torna-se ridículo e cínico.
Já acompanhei vários divórcios, com todas as complexidades decorrentes da ruptura de uma relação estável, construída com muita paixão, com cerimônias pomposas e riquíssimas. Ao contrário do que a mídia propõe, em geral, os processos são doloridos e traumáticos. O que está por detrás destes divórcios senão a questão dos afetos? Quando não se ama mais, quando o amor se desloca do objeto/sujeito amado, é difícil continuar a caminhada a dois.
Com Deus é a mesma coisa. Certa vez acompanhei um membro de minha igreja que estava vivendo num estilo de vida de pecado, e ao confrontá-lo ele me disse plácida e resignadamente: “Não posso voltar porque amo meu pecado e não quero abandoná-lo”. Este é o retrato do amor quando se desloca de Deus. As propostas do mundo e do diabo tornam-se muito atraentes. O pecado é mais convidativo, as trevas não mais assustam, perde-se o temor de Deus e o diabo deixa de ser “o adversário de nossas almas”, como afirma as Escrituras, para ser um personagem fictício – aparentemente inofensivo e até mesmo charmoso.
Precisamos tomar cuidado com os desvios de nosso coração. Ele é enganoso, escorregadio e corrupto e temos muita dificuldade em conhecer suas próprias tendências (Jr. 17.9). Eventualmente precisamos nos desesperar quando percebemos que “amamos os estranhos e os seguimos”, ao invés de amarmos a Deus. Quando isto acontece, nosso coração perde o centro e precisa de uma operação do Espírito Santo, afinal, espiritualidade é no final das contas, questão de afeto.
O que estava acontecendo?
Creio que a resposta a esta dificuldade encontra-se no vs. 25. O povo respondeu ao Senhor: “É inútil, porque amo os estranhos e após eles irei”. O problema daquele povo tinha a ver com seu coração – era uma questão de afetos que foram deslocados de Deus para os ídolos. Quando o coração se perde, toda a referência, valor e construção deixam de fazer sentido.
Imagine um homem dizendo à sua mulher depois de 15 anos de casado: “Descobri que não a amo mais. Vou continuar vivendo contigo, vou cuidar de você, não vou desampará-la, nem sair de casa. Mas eu não a amo mais...” Tudo o que esta pessoa fizer daí por diante, nada mais representa para aquela mulher. Fazer as coisas sem que o coração esteja envolvido torna-se ridículo e cínico.
Já acompanhei vários divórcios, com todas as complexidades decorrentes da ruptura de uma relação estável, construída com muita paixão, com cerimônias pomposas e riquíssimas. Ao contrário do que a mídia propõe, em geral, os processos são doloridos e traumáticos. O que está por detrás destes divórcios senão a questão dos afetos? Quando não se ama mais, quando o amor se desloca do objeto/sujeito amado, é difícil continuar a caminhada a dois.
Com Deus é a mesma coisa. Certa vez acompanhei um membro de minha igreja que estava vivendo num estilo de vida de pecado, e ao confrontá-lo ele me disse plácida e resignadamente: “Não posso voltar porque amo meu pecado e não quero abandoná-lo”. Este é o retrato do amor quando se desloca de Deus. As propostas do mundo e do diabo tornam-se muito atraentes. O pecado é mais convidativo, as trevas não mais assustam, perde-se o temor de Deus e o diabo deixa de ser “o adversário de nossas almas”, como afirma as Escrituras, para ser um personagem fictício – aparentemente inofensivo e até mesmo charmoso.
Precisamos tomar cuidado com os desvios de nosso coração. Ele é enganoso, escorregadio e corrupto e temos muita dificuldade em conhecer suas próprias tendências (Jr. 17.9). Eventualmente precisamos nos desesperar quando percebemos que “amamos os estranhos e os seguimos”, ao invés de amarmos a Deus. Quando isto acontece, nosso coração perde o centro e precisa de uma operação do Espírito Santo, afinal, espiritualidade é no final das contas, questão de afeto.
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