O povo de Deus é um povo que tem memória. A Bíblia vai paulatinamente registrando os atos de Deus na história dos homens para que eles não se esqueçam da intervenção de Deus.
O Salmo 105 ensina que o povo de Israel deveria contar aos filhos os atos poderosos de Deus. Relembrar os eventos gerava fé e servia de testemunho às futuras gerações. O Shemá hebraico em Deuteronômio 6 conclamava o povo a contar aos filhos, de forma insistente e planejada sobre a exclusividade de Deus. “Ouve, Oh Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”.
Vários textos do Novo Testamento nos ensinam a mesma verdade. João afirma que Jesus fez muitos outros milagres nos seus dias que não foram registrados, mas estes relatados tinham o propósito de manter a memória dos cristãos e gerar fé na igreja (Jo 20.30-31). No maravilhoso tratado sobre a Santa Ceia nos é informado que deveríamos lembrar das verdades que recebemos da parte de Cristo (1 Co 11 1 15.1-5).
A história, portanto, está profundamente interligada à fé. Aliás, fé nas Escrituras tem sempre uma relação com aquilo que Deus fez para o seu povo. Fé tem a ver com a história, com a lembrança e concordância dos eventos que entre nós se deram. Quando se trata do futuro, o termo mais apropriado é esperança. A fé cristã é histórica.
Esta verdade foi profundamente questionada pelo método histórico crítico de interpretação, encabeçado por Bulltmann, Harnarck e outros teólogos na virada do Século XIX. Para eles não interessava o evento, mas o significado. Pensadores reformados, defensores do Método Histórico Gramatical, intervieram reafirmando a convicção de que nossa fé é histórica. Interessa muito o evento. Porque, se Cristo não ressuscitou (fato), é vã a nossa fé a nossa pregação.
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