Assisti atenciosamente o quadro de televisão que tem o nome acima. A idéia é curiosa: A direção do programa recebe várias cartas de pessoas aflitas que desejam uma transformação na sua imagem e que não gostam de si mesmas. A equipe vai atrás de profissionais de primeira linha para dar uma "guaribada" em uma destas pessoas que eles escolhem, e ela passa por uma série de tratamentos incluindo cirurgias plásticas, cuidado com a pele, checagem nos dentes e corte de cabelo. A pessoa é restaurada na perspectiva estética e os profissionais tentam fazer o melhor possível para que ela seja transformada. O trabalho em geral, fica muito bom. Os responsáveis pela metamorfose fazem um excelente trabalho.
A maioria das pessoas tem problema com a auto-imagem. Os mais gordinhos gostariam de emagrecer um pouco, os magros se sentem inadequados e gostariam de ser mais cheinhos, os altos acham exagerado o tamanho, os baixinhos gostariam de ter um centímetro a mais. Todos nós temos uma certa insatisfação com nosso espelho. Quando olhamos as fotografias, narcisistas como somos, procuramos nossa imagem para nos enamorarmos um pouco de nós mesmos, mas sempre culpamos a fotografia por ela mostrar o que vemos. "Esta foto não saiu muito boa". Ao dizermos isto, estamos reconhecendo que temos uma imagem mental que não concorda com a imagem real.
O grave problema do espelho é que temos imagens construídas dentro de nós mesmos. Nunca vamos nos ver como de fato somos. Quem afirma isto de forma categórica é o Dr. Maxwell Maltz, famoso cirurgião plástico que escreveu um best-seller intitulado "New Faces, New Futures", uma coletânea de história de pessoas que haviam passado pela cirurgia plástica e o relato de como se comportavam depois do tratamento. Em algumas, ocorreram transformáveis notáveis de personalidade, mas em muitas, a cirurgia não fazia a mínima diferença, pois continuavam se "sentindo" feias. Tinham um novo rosto, mas o coração ainda era o mesmo. Então, o Dr Maltz afirma que "cada personalidade possui um rosto", este rosto emocional, que só poderá ser mudado com uma transformação mais radical na alma.
A Bíblia afirma que "como o homem imagina em sua alma, assim ele é" (Pv 23.7). Auto-estima tem a ver com a forma como sentimos a nosso respeito. Se o coração não mudar, as emoções conceituais a nosso respeito continuarão sendo danosas porque elas se constituem no âmago de nossa personalidade. A questão fundamental não é como eu sou, mas como eu penso que sou.
Pessoas de beleza mediana podem ser bem resolvidas, ter um alto grau de aceitação de si mesmas, enquanto outras, muito bonitas, podem se sentir péssimas acerca de seu corpo e da sua imagem. Tenho percebido que muitos em processo de bulimia ou anorexia nervosa possuem uma beleza acima da média e no entanto estão no processo de auto destruição e suicídio inconsciente.
O fato é que não se pode viver bem, se não se percebe bem. Não se pode acreditar na verdade enquanto se acredita em um erro. Auto imagem negativa é uma arma mortífera e altamente destrutiva, porque rouba a criatividade, a espontaneidade e a alegria de ser gente. A personalidade, a sexualidade e os relacionamentos todos são afetados pela nossa auto-percepção. A pessoa que tem uma visão positiva de si mesma é mais saudável em todos os sentidos. Mas a transformação só pode acontecer, se o coração for mudado. O Dr George Herbert Mead, usa o conceito do "eu do espelho". As imagens e conceitos que temos acerca de nós mesmos, têm muito a ver com as imagens e sentimentos que vemos refletidos naqueles que estiveram ao nosso redor e criaram o conceito daquilo que somos agora.
A Bíblia afirma que Deus nos fez para sermos um "poema" dele (Ef 2.10), e este poema tem verso, rima e trova. Cada um de nós possui o seu próprio eidos, usando aqui uma expressão da fenomenologia de Heidegger. Deus nos fez diferente de todos os demais. Padrões de beleza são culturais e transitórios, mudando de acordo com a conveniência de um artista ou da mídia que criam a moda. Por isto, nosso paradigma precisa ser sobrenatural. Trazer esta verdade para nosso coração pode ser altamente libertador.
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