quinta-feira, 24 de abril de 2003

DESCOBRIRAM O BRASIL. VIVA O IMPÉRIO!

Existem determinadas coisas que jamais conseguiremos entender! Falta lógica, coerência histórica, bom senso e um mínimo razoável de percepção critica. Dentre tantas, realçamos o Descobrimento do Brasil. Não dá para entender porque ainda se ensina a história do Brasil numa perspectiva romântica, e não na perspectiva dos fatos e da critica? Teme-se o juízo de quem? Não dá para entender porque os historiadores não revisam de uma vez por outras, tal conceito e inicia-se assim uma leitura critica da história, que vai nos ajudar a pensar de forma mais correta e criará nos nossos adolescentes e jovens um senso de dignidade e de valor?

Ainda hoje se ensina que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral. Basta perguntar para qualquer estudante que ele saberá prontamente responder à simples e ideologizada pergunta: Quem descobriu o Brasil? Embora tal pergunta seja séria, e precisa ser analisada, a resposta que damos é de um simplismo quixotesco. Quando Cabral chegou aqui, no séc. XVI, Portugal, nação invasora, tinha 1.5 milhões de habitantes, e o Brasil, nação invadida, tinha aproximadamente 6 milhões de habitantes. Quem descobriu quem?

O problema é que a história é sempre contada pelos poderosos, para atender a interesses ideológicos. Afinal, o herege quase nunca é o que vai para a fogueira, mas quem coloca o outro para ser queimado, mas aquele que foi para a fogueira não pode escrever sua história, então aceita-se a versão oficial do opressor, que conta o fato conforme lhe interessa, para que não venha a ser culpado nem julgado no futuro. Afinal, não gostamos de depor contra nós mesmos, por isto os tribunais buscam testemunhas, pessoas que possam depor e contar outra versão. A nossa leitura pessoal, tendenciosa e cínica não vale…

O que aconteceu foi um encontro das civilizações, não o descobrimento do Brasil. Mas mesmo tal idéia é tão dolorida que alguns querem apagar da memória o que aconteceu. No encontro destes povos, havia um que era opressor, outro a vítima. A presa agia romanticamente diante do agressor, em troca de brinquedos que refletiam seus rostos vermelhos, instrumentos cortantes, e cachaça. Nesta troca, trazia-se sífilis e gripe e levava-se ouro e madeira. A lógica do império sempre foi a do extrativismo, da religiosidade exterior que não chegava ao coração nem dos que pregavam nem dos que ouviam a mensagem anunciada, a dominação financeira e a versão da história para sustentar seus atos bárbaros, afinal de contas, como sobreviveríamos se eles não tivessem nos descoberto? Já imaginou que tragédia um povo que ainda não foi descoberto?
Mentiras e versões enganosas. Esta é uma boa alegoria da história da redenção. Satanás nos faz crer no que não devemos, e não nos deixa crer naquilo que precisamos. Ele é o Pai da mentira! No campo espiritual e ético, mentiras são ainda mais danosas que no campo histórico, porque tem efeito eterno. “Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem mal; dos que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is 5.

terça-feira, 15 de abril de 2003

O SIGNIFICADO DA PÁSCOA

Páscoa significa originalmente “passagem”, vem do hebraico pesah, e é associada com o verbo pasah, que significa “saltar” ou “passar por cima”, daí a razão dos ingleses usaram a palavra “passover” para páscoa, resgatando a idéia original de “passar sobre”.

A instituição da Páscoa é registrada no livro de Êxodo, capítulo 12, das Sagradas Escrituras, relaciona-se à libertação dos israelitas da sua escravidão no Egito, e é, para o povo judeu, tanto nos tempos bíblicos quanto atual, sua comemoração mais importante. Esta festa se deu logo após a passagem do Senhor no meio do Egito, onde a maioria do povo judeu vivia escravizada. Naquela noite, o anjo passou, e todas as casas que possuíam a marca de sangue de um cordeiro foram poupadas da morte, e onde não havia a marca do sangue, o filho mais velho morria. Era o julgamento de Deus vindo sobre o povo, e apenas o sangue poderia impedir a morte.

No Novo Testamento, após a vinda de Jesus, os cristãos retraduziram esta festa, dando-lhe um significado especial, pois foi durante a festa da páscoa que Jesus foi crucificado e morreu, e assim, foi interpretada como figura da obra redentora de Cristo, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).

A Páscoa, no sentido em que a comemoramos, está longe de ter o significado que possuía na sua origem. Li recentemente um artigo do Rev. Hernandes Dias Lopes, que reflete bem esta tensão:

Coelho ou cordeiro?
O comércio voraz, faminto de dinheiro, trocou o cordeiro pelo coelho. Aliás, um coelho muito versátil, quase milagroso, que põe ovos de chocolate de todos os tamanhos e para todos os gostos. Para o consumismo insaciável, a essência da páscoa não tem a menor importância. O que importa é vender, vender muito, ainda que na mente das pessoas a verdade seja sacrificada, e o cordeiro fique esquecido. Para uma sociedade materialista, secularizada e consumista cujo deus é o ventre, o importante é empanturrar o estômago de chocolate, ainda que se sacrifique no altar do comércio esfaimado, a essência da verdade.

Preocupante é o fato de fazermos parte desta cultura sem nenhuma reação de inconformação. Fazemos como Eli, banqueteando com as gorduras tiradas pecaminosamente do altar, sendo coniventes com os pecados de uma geração que se recusa a dar ouvidos à verdade de Deus. Nossos filhos são levados a assimilar mais o coelho, ou melhor, o chocolate, do que o cordeiro que foi morto por nós. Vêem mais o retrato das lojas agressivamente decoradas do que a história eloqüente da libertação do povo de Deus. Precisamos investir mais tempo ensinando aos nossos filhos sobre a Páscoa. Esta é uma história central do Antigo Testamento. Foi naquela noite fatídica que o povo de Deus foi salvo da tragédia da morte dos primogênitos, porque um cordeiro tinha sido sacrificado e o seu sangue havia sido aplicado sobre as vergas das portas. Esta é a história épica da libertação do povo de Deus do cativeiro, com mão forte e poderosa. A Bíblia fala que Jesus é o nosso cordeiro pascal. O cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo é Jesus. Foi ele quem foi imolado na cruz por nós. Ele sofreu o castigo que nos traz a paz. Deus lançou sobre Ele a iniqüidade de todos nós. Ele, como ovelha muda, foi para o matadouro, carregando sobre o seu corpo, no madeiro, os nossos pecados. Ele se fez maldição por nós. Ele se fez pecado por nós. Ele morreu exangue na cruz, adquirindo para nós eterna redenção. Esta é a história da nossa alforria. É a história da nossa libertação do cativeiro. É a história da nossa eterna salvação. Não podemos deixar que ela seja distorcida e diluída em chocolate. Não podemos permitir que o maior de todos os sacrifícios, vivido na hora mais amarga do Filho de Deus, bebendo sozinho o cálice da ira divina, seja reduzido a um festival de gastronomia.
O coelho é um intruso que nada tem a ver com a festa da páscoa. Esta festa é a festa do cordeiro, do Cordeiro de Deus. Ele sim, deve ser o centro, o conteúdo, a atração e a razão de ser desta festividade. Que a nossa família possa estar reunida não em torno do ovo de chocolate, mas em torno de Jesus, o Cordeiro que foi morto, mas vive pelos séculos dos séculos, tendo a certeza que estamos debaixo do abrigo de seu sangue.

Vivemos assim, bombardeados e confusos com conceitos difusos que em nada refletem a essência da Páscoa. Neste feriado prolongado, uma boa prática devocional pode ser a leitura atenta dos relatos do Evangelho em torno da Páscoa. Existem quatro livros na Bíblia que falam deste evento, eles são chamados de Evangelhos, porque narram a vida de Jesus. Três deles são sinóticos, porque possuem relatos idênticos, o último é o Evangelho de João, que é mais denso e teológico, se preocupando mais com a explicação teológica destes acontecimentos. Numa época em que os homens estão se voltando mais para os fenômenos espirituais (Pós modernismo), e nos dias em que o nosso pais, considerado cristão, convencionou chamar de quaresma, vale a pena rever conceitos e ampliar nossa compreensão da Páscoa.

segunda-feira, 14 de abril de 2003

DEUS É BOM !!!

ERA UMA VEZ,
num reino muito distante, dois amigos. Um era o rei daquele lugar o outro era o seu melhor amigo. Por ocasião da temporada anual de caça, os dois saíram para caçar. Durante o caminho, o amigo do rei vinha afirmando e dizendo para ele o quanto DEUS É BOM, e ele contemplava a natureza, a criação de Deus e repetia declarando o quanto DEUS É BOM...
Ao avistarem a presa, prepararam a arma, mas quando o rei foi atirar, o tiro literalmente "saiu pela culatra", acertando em cheio o seu dedo mindinho da mão direita.
O rei ficou indignado e virando-se para o amigo o questionou se mesmo depois do que tinha acontecido, ele ainda achava que DEUS ERA BOM?? Mediante a resposta positiva de seu amigo, o rei mandou prendê-lo até ele se convencer que Deus não era tão bom assim, pois não o impediu de perder seu precioso dedo.
Um ano se passou, e por ocasião da temporada de caça, a comitiva real decidiu ir a terras mais longínquas, pois a caça já estava escassa naquela região. Foram parar então em uma terra dominada por canibais, onde foram todos capturados, inclusive o rei.
Quando chegou a hora do jantar, o cozinheiro dos canibais verificou que um dos prisioneiros não tinha um dos dedos, e como era costume, eles não comiam ninguém mutilado, pois além da carne ser considerada dura e de paladar ruim, diziam ainda que era amaldiçoado pelos deuses. Assim, de toda a comitiva, somente o rei voltou com vida para o seu reino.
Ao chegar, mandou libertar seu amigo. Agora, com a firme certeza – e prova – de como Deus realmente é bom, e do modo maravilhoso com que preservou sua vida. Sendo assim, o rei pediu perdão para o seu amigo e ouviu a seguinte declaração:
- É claro que o perdôo alteza. Deus realmente é muito bom, pois se eu não tivesse ficado preso no calabouço, com certeza teria ido com a comitiva e provavelmente a esta hora eu já teria morrido!

sexta-feira, 4 de abril de 2003

A ORIGEM DAS GUERRAS

De repente percebemos que a guerra não está mais distante de nós. Acostumamo-nos a vê-la como uma espécie de vídeo game, onde pequenas luzes detonam alvos escondidos, sem maiores implicações para as nossas vidas. Outras vezes a vemos como números, apenas estatísticas. Em ambas as situações ignoramos, ou fazemos de conta que por detrás destes gestos existe dor, muita dor. É o sentimento do pai que não vê o filho no outro dia, da mãe que vai arrumar o quarto do filho que já morreu, ou da esposa que vai dormir na cama fria, sabendo que aquela situação não é transitória, o marido não está viajando…

De repente, porém, percebemos que a guerra não é apenas no Iraque. A guerra está aqui. Rio sofre de violência, as ameaças dos traficantes e a violência dos que foram violentados encontram-se de forma visível nas ruas cariocas. O mesmo fenômeno fatídico encontra-se nos grandes centros como São Paulo, e, acreditem se quiser, hoje a cidade que possui mais assassinatos proporcionais é Vitória, ES, seguido de perto por Cuiabá, MT, criando o que alguns especialistas tem chamado de colombianização do Brasil.

Mas a guerra está mais perto. A guerra está aí, em Posses, GO, onde um grupo de assaltantes domina uma cidade pacata e deixa em pânico seus moradores. A guerra não está longe.

Mas a guerra está mais perto ainda. Ela encontra-se em nossos lares. Reações violentas brotam dentro de nossas famílias. Atitudes violentas pelas marcas da insensibilidade, insensatez, indiferença. Tudo isto porém, tem uma etiologia, procede do coração. A guerra está aqui, em nossa alma. Nosso problema não é o que está lá fora, mas do monstro que habita em nós. De uma força instintiva e carnal, devoradora e voraz.

Tiago diz: “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes porque não pedis…” (Tg 4.1-2)

Apenas Deus pode apaziguar o coração em guerra. Os inimigos são fortes, a vida nos torna armados. Somos feridos e nos ferimos e neste processo de violência doméstica, histórica e pessoal, nos animalizamos. Precisamos de Deus para nos trazer paz. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira nossa culpa e que cessa a violência em nossa alma, raiz de todas as demais formas de violência.

Rev. Samuel Vieira