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Fui desafiado pelo Pr. Clayton Massao Santos para
falar sobre legado, um tema que me desafia bastante. Pesquisadores afirmam que
60 anos é o tempo suficiente para que uma igreja desapareça ou perca sua relevância
na história. Igrejas hoje vigorosas podem deixar de existir mais rápido que
imaginamos. O Norte da África e o Egito, que na Patrística nos deram grandes
teólogos como Agostinho e Aberlado, hoje não possuem igrejas. Das igrejas
plantadas por Paulo na Turquia, quando muito podemos ter apenas vestígios
arqueológicos. O que aconteceu? Os filhos não foram atingidos pela mensagem e não
houve novos convertidos. Esta é a preocupação do Sl 78. Temos o grande desafio
de continuar ministrando aos filhos e netos. A mensagem não pode parar em nós
(Sl 78.3).
Duas questões são fundamentais: Nossa fé chegará à
próxima geração? e, se chegar, que tipo de fé podemos esperar: Uma fé forte,
viva ou superficial e cínica? A verdade é que sempre “estamos deixando uma
herança ou um legado? o que dou aos meus filhos, ou o que faço por eles, não é
tão importante quanto as marcas que deixo em suas vidas”. (Reggie Joiner,
“Pense Laranja”).
O Salmo 78 afirma que devemos anunciar Jesus as
vindouras gerações, a filhos que ainda hão de nascer, e aos filhos dos que ainda não nasceram. Isto é perspectiva e
legado. O evangelho não pode acabar em mim. o chamado de Deus inclui a família,
é um pacto generacional (Susan Hunt). Somos a família do pacto. O pacto de Deus
com Abraão era extensivo à família (Gn 17.9-11), por esta razão Deus exige o
sinal no órgão reprodutor masculino. Ao carcereiro de Filipos Paulo afirma que
o chamado é individual, com promessa para as gerações. “Crê no senhor jesus e serás salvo tu e tua casa” (At 16.32).
A verdade é que “nada que valha a pena fazer se
completa durante nossa vida” (Reinhold Niebuhr), e “tudo o que você é e possui
hoje, de bom ou ruim, é o seu legado” (Paul Meyers).
Um bom legado possui três características: Deve
ser baseado em princípios divinos, produzir resultados duradouros e ser aplicável
a todos.
Se eu pudesse falar de legado pessoal, o que é
muito complexo e relativo, gostaria de deixar a marca de uma pessoa apegada ao
Evangelho e à Palavra, e que sempre acreditou na ideia da igreja, como um povo
eleito, chamado por Deus para “louvor da glória da sua graça”. No meio de tanta
frustração e desengano desta geração com a instituição “igreja”, ainda continuo
crendo que não há outra possibilidade de sustentar a fé sadia de uma nova
geração se perdermos a referência da Palavra de Deus como infalível e
inerrante, e de igreja como o povo de Deus. Os pais que hoje abandonam suas
igrejas, não conseguirão manter suas gerações firmes no evangelho. Os filhos se
perderão no caminho, e, se continuarem crendo e não forem absorvidos pelo
secularismo e ateísmo, se tornarão espíritas, zen budistas, ecléticos ou
sincréticos.
Por esta razão, meu ministério sempre esteve
pautado em plantação de novas igrejas. Um enorme desafio, já que a logística e
os custos são sempre muito altos, mas acredito que é uma grande benção investir
numa instituição que, sendo fiel, continuará produzindo frutos com implicações
eterna na vida dos filhos e dos que serão alcançados pela poderosa mensagem de
salvação.
Desde o inicio do meu ministério, sempre estive
com o coração voltado para plantação de novas igrejas. Em 1981, comecei meu
ministério em Formoso-GO, plantando igrejas em Minaçu e Palmeirópolis. No Rio
de Janeiro assumi uma rica e influente igreja que apesar dos seus 23 anos de
existência nunca havia plantado uma igreja. Ali começamos um projeto de
parceria e durante os quase cinco anos que ali estivemos, tive a alegria de ver
três novas igrejas sendo iniciadas. A visão emplacou na Igreja da Gávea de tal
forma que houve um período na sua história que ele era parceira de 27 campos.
Ainda hoje esta igreja tem neste projeto, seu foco central.
Posteriormente fui convidado para pastorear nos
EUA, exatamente na área de plantação de igrejas, e estive diretamente ligado
nos quase nove anos ali vividos, na plantação de 5 novas igrejas. Do pequeno
ministério que tínhamos em Boston, se somarmos hoje as congregações que são
filhas, temos mais de 3000 membros. É surpreendente o poder da semente do grão
de mostarda...
Em Anápolis, esta tem sido uma das ênfases de meu
ministério: Quatro novas igrejas foram plantadas durante o meu pastoreio, fora
as parcerias dentro e fora do Estado de Goiás.
Mas certamente, tais legados se forem meramente
institucionais, pouca relevância terão. O grande legado que qualquer pessoa
pode deixar é na vida das pessoas, desafiando sua fé, seu compromisso com o
reino e amor a Jesus. Um bom ponto de partida é a família. Temos criado filhos
que amam a Deus e sua obra, ou os temos distanciado do amor a Deus?