quarta-feira, 29 de junho de 2016

Passado & Futuro

Uma discussão que provoca significativos debates é a transição entre passado & futuro, antigo & novo. O grupo mais ousado deseja radicais e urgentes transições; o grupo mais conservador, tende a manter o status quo e manter os velhos padrões de gestão, atitudes, porque se sente ameaçado pelo novo. 

Como encontrar equilíbrio entre as transições importantes e transformadoras? 
Quais os riscos do novo? 
Que tensões podemos antecipar nesta delicada mudança?

Esta tensão historicamente sempre foi polarizada. Grupos extremados tornam inviável esta discussão, porque não conseguem encontrar equilíbrio. Como romper com velhos padrões metodológicos e tecnológicos, sem perder valores e princípios? Como não confundir acidente com essência e temporal com o eterno. Por termos uma sociedade que descarta facilmente a velha tecnologia, e uma cultura de desprezo ao valores antigos, isto pode ser generalizado para a ética. Corre-se o risco da perda da sensibilidade, espiritualidade, família e moral, porque confunde-se as coisas. Esta é uma das razões dos conservadores se tornarem avessos às mudanças: eles temem que isto cause uma generalização e alcance a ética.

No entanto, devemos lembrar que o falso não anula o verdadeiro, ainda que possua similaridades aparentes. Os ingleses costumam dizer que precisamos aprender a jogar fora a água suja da banheira mas não o bebê que tomou banho nela. Este é um bom princípio. É importante refletir sobre isto.

Muitos se tornam rígidos na metodologia e não querem mudar, tornam-se travados e obsoletos. Outros querem mudar tudo, radicalizar, como dizia o “maluco beleza” (Raul Seixas): “Eu prefiro ser, esta metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.  Não ter valores e opiniões acerca de nada é utópico e perigoso. Não podemos ter preconceito, mas não ter conceito é outro grande risco. A vida precisa de fundamentos e valores, marcos que orientem, que regulem relações, justiça e princípios. Por isto existe lei, constituição, convenções e regras sociais.


Não dá para viver no passado, aferrado às tradições, sustentando paradigmas que perderam relevância com o tempo. Não faz sentido usar calculadora quando se tem Excel; máquina de datilografia quando se tem computador; mimeógrafo, quando se tem copiadora; nem flanelógrafo se existe multimídia. Inovar e avançar é imprescindível e inexorável. Ao mesmo tempo, não dá para confundir temporal com eterno, nem transitório com permanente. O passado não deve ser descartado na sua essência, e nem o futuro, assumido na sua integralidade quando corre-se o risco de perder a própria alma.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Crise

Em 1978, com 101 anos de idade, o velho missionário inglês Harold Cook escreveu: “Já se tornou moda falar em crise, pondo-lhe sobre às costas coisas que não lhe pertencem. Fazem-no cavalo de fuga às responsabilidades. Fala-se tanto da tal crise que levam alguns a imaginar que eles pessoalmente estão passando por uma crise, quando de fato não é assim; há muitos que não são atingidos pela crise, e outros o são em grau mínimo. Não se deve fechar os olhos ao fato de que a situação geral exige cautela, economia e administração sabia das finanças; mas, ao mesmo tempo, é muito inconveniente aplicar a palavra “crise” a tudo e a todos e falar tanto dela ao ponto de desanimar o mundo inteiro. O exagero é sempre prejudicial em todos os sentidos”.
Usando a velha e conhecida semântica chinesa, crise é sempre a junção de dois elementos: oportunidade e perigo. Os EUA se transformaram numa grande potência no meio de duas grandes guerras mundiais, sabendo capitalizar seus recursos quando a Europa brigava entre si. No Brasil, a Prudential, gigantesca companhia de seguros, tem crescido no meio da crise em torno de 30% ano. Estive ontem com um homem no ramo da agricultura dizendo que sua empresa está apertada para conseguir atender a todos os pedidos que lhe chegam. É certo que alguns setores estão em baixa, mas outros estão crescendo, e muito. Enquanto alguns perdem, outros estão ganhando.
Economia é algo dinâmico e volátil, possui a capacidade de se movimentar como uma força viva. Na Bíblia, Economia é uma das forças da história, de acordo com a descrição dos cavalos que surgem simbolicamente em Apocalipse 6. Sendo assim, pode esmagar ou potencializar. Dinheiro some e aparece, torna-se abundante e escasso, como a transformação da água que sai do seu estado liquido e sofre o processo da evaporação, até retornar à terra em forma líquida novamente. Dinheiro não deixa de existir, apenas se desloca, troca de mão. Quando um perde, outros setores ganham.
Então, ao invés de ficar se lamentando na crise, aprenda a discernir as novas oportunidades.
Devemos aprender que crise pode nos ensinar a manter a confiança em Deus e a desenvolver espírito sereno e calmo; muitas crises geram avaliações positivas e transformadoras, trazem conversões de estilo de vida, tanto para Deus quanto para as pessoas. Certa pessoa afirmou que jamais teria saído do seu caminho de morte e auto engano se a crise não o tivesse apanhado em cheio. No meio da vergonha e humilhação, foi quebrado mas se tornou humano, restaurou sua família, se reencontrou com Deus, coisas estas impossíveis em tempo de sucesso e prosperidade.

Por isto não transforme sua crise em algo definitivo e nem reduza sua história aos solavancos próprios da vida. A má notícia é a seguinte: Você passará por crise. A boa notícia é: Nenhuma crise dura para sempre. Existe um conhecido texto das Escrituras que diz o seguinte: “A dor pode durar a noite inteira, mas a alegria vem pelo amanhecer”. 

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Como um encontro pode mudar sua história


Grandes mudanças podem acontecer na vida num simples, casual e despretensioso encontro. Todos nós podemos relatar experiências pessoais ou na vida de pessoas amigas que foram transformadas num encontro casual. A mais bizarra de todas que ouvi foi de uma pessoa indo a um funeral de uma antiga amiga, embora não conhecesse ninguém da família, mas mesmo assim resolveu dar um último adeus à amiga. Equivocadamente entrou no funeral de outra pessoa, e como havia poucas pessoas ficou perto da mulher que parecia ser a filha. Conversou com ela, disse que era um velho amigo da sua mãe, até descobrir que estava velando outra pessoa. Envergonhado, se explicou, mas já havia dado seu cartão de negócios, e foi para o outro velório, no qual estava sua amiga e estava sendo velada no mesmo cemitério.

Naquela semana recebeu o telefonema daquela mulher com a qual equivocadamente conversara, agradecendo o apoio recebido, e dali nasceu uma amizade, saíram para tomar um café, começaram a namorar e se casaram. Seu primeiro encontro foi dentro de um velório.

Portanto, não despreze casualidades, nem a pessoa que você vai encontrar hoje. Esta pessoa pode abrir porta para um trabalho futuro e até mesmo para um grande amor. Não ignore a pessoa que encontrará na igreja, na festa de aniversário ou casamento ou almoço de trabalho. Grandes oportunidades podem estar logo ali neste novo evento.

Muitos eventos que transformaram a nossa vida, eventualmente não tiveram nada a ver com qualquer plano. O colunista Peter Greenberg visitou a China certa vez, e seu guia local foi Joe Cheng, de 78 anos, que havia aprendido falar inglês quando as tropas americanas passaram por Shangai e por causa do sistema, foi proibido pelo governo a falar inglês durante 40 anos, sob pena de ser acusado de trair o país. Depois, com a abertura econômica da China, era pago para ser tradutor dos turistas que visitavam a cidade. A experiência do encontro foi tão marcante, que no ano seguinte, este famoso colunista resolveu viajar com sua esposa e reencontrar o amigo, e, para sua surpresa, ele se mudara para os EUA, e se tornara professor de mandarim em New York, no entanto, ele diz: “Embora eu nunca tenha visto Joe novamente, aquele dia mudou minha vida”, a forma como aquele homem falava de seus sonhos e expectativas havia sido transformadora.


Esta semana pode ser marcante para sua vida. Não despreze as pessoas com as quais conversar, valorize encontros eventualmente pouco importantes. As coisas mais preciosas da vida podem se manifestar através de um encontro inesperado e fortuito, de um simples sorriso numa mercearia, de uma roda de pessoas. As pessoas mais importantes que você encontrou na vida, não foram intencionalmente preparadas, mas resultados de uma aparente e desproposital situação que estava muito além de seu planejamento ou agenda.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Ministério da Transparência



Prá começar, não é estranho pensar que é necessário ter um “ministério de transparência”?  Que ideia mais esdruxula...Pois é exatamente isto que o governo resolve fazer... daqui a pouco precisaremos de ministério da honestidade, integridade, verdade, lealdade, fidelidade... cada dia ficamos mais embasbacados com a capacidade que o governo encontra de dar altos salários aos seus aliados, criando novas nomenclaturas.

Como se não bastasse, o ministro da transparência, que deveria implicar em alguém ilibado, que não tem nada a esconder e que deveria estar acima da crítica e da censura, Fabiano Silveira, foi flagrado em conversas gravadas criticando a operação Lava Jato e orientando investigados sobre como agir para “não serem transparentes”. Não é o cúmulo do cinismo e da obscuridade (palavra sugestiva por ser o oposto de transparência)?

Em protesto, os servidores passaram a entregar simbolicamente seus cargos afirmando que “para assumir um órgão que zela pelo patrimônio público, não pode ter nenhum tipo de mancha a imagem da pessoa”. A manutenção do ministro poderia desacreditar o produto oferecido. Seria como um vendedor de sabão que andasse com suas roupas sujas, ou vendedor de perfumes mau cheiroso. A atitude é incompatível com a função.

O problema é que todos corremos riscos semelhantes...

É fácil criticar os outros naquilo que nós mesmos somos falhos, e mais fácil ainda criticar os outros naquilo que não erramos. Apontar erros, ser moralista sem moral; falar de caráter aos filhos e ser alguém sem critério moral. O que Jesus mais observou na atitude dos religiosos do seu tempo é que eles pareciam sepulcros caiados que, por fora, se mostravam belos, mas interiormente estavam cheios de ossos de mortos e de toda imundícia (Mt 23.27).

Entre os “ais” que Jesus proferiu, a maioria deles era contra a falsa moralidade. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações; por isso, sofrereis juízo muito mais severo...Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo!” (Mt 23.14, 24-26).


Alguns podem pensar que estou justificando o erro, mas o ponto não é este. Acho que precisamos manter um olhar crítico sobre a história, mas um olhar atento sobre nós mesmos. Todas estes fatos recentes na história do Brasil, seriam irônicos se não fossem trágicos, mas ainda há algo mais sério. Precisamos cuidar do coração para que haja real transparência porque diante de Deus não se esconde nada, de bom ou de ruim. Por isto, a transparência deve começar com confissão e reconhecimento de que precisamos de Deus até para sermos íntegros nas afirmações, julgamentos e defesas que fazemos.