Poucos temas no momento são tão
debatidos e comentados como a corrupção institucional. Os sucessivos escândalos
do Mensalão, Petrolão, Lava Jato, operação Zelotes, só lembrando os mais
recentes, não nos deixa esquecer que vivemos numa série crise de honestidade.
Desde os tempos da
monarquia, porém, este assunto tem vindo à tona. Recentemente o empresário Ricardo
Semler, causou grande discussão nos meios jornalísticos ao afirmar que “nunca
se roubou tão pouco no Brasil” (Folha de são Paulo, 21.11.2014). Ele afirma que
na década de 70, sua empresa deixou de fornecer equipamentos para a Petrobrás,
porque era impossível vender diretamente, sem propina, e que atualmente 0.8% do
PIB brasileiro é roubado, mas que este número já foi de 3.1%, e alguns estimam
em 5% há poucas décadas. “O roubo está caindo, mas como a represa da
Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento”, diz Semler.
É muito comum ouvir a afirmação:
“rouba, mas faz!” Na verdade, político corrupto não faz. Para os que acreditam
que a desonestidade compensa, considere o ranking de 2011 dos países mais e
menos corruptos. Na medida em que há menos desonestidade, há maior progresso.
Os países mais corruptos são, pela ordem: Somália, Coreia do Norte e Mianmar. Do
outro lado, os mais honestos são Nova Zelândia, Dinamarca e Finlândia. Basta
olhar o Índice de Desenvolvimento Humano destes países para perceber que quanto
mais maior é a corrupção, maior é a pobreza. O Brasil ocupa a 73º lugar, no
ranking mundial.
William Douglas afirma que alguns
acreditam que as pessoas destes países são integras, porque não precisam cometer
fraudes nem roubar, mas a verdade é que uma das razões porque eles são desenvolvidos
é justamente a baixa corrupção.
Por causa da corrupção no
Brasil, emprega-se produtos de péssima qualidades na construção das ferrovias e
rodovias do país, os preços se tornam super dimensionados, as escolas são de
qualidade ruim, a merenda é subtraída, a saúde perde recursos preciosos que
poderiam ser usados apropriadamente. A verdade é que a honestidade não é consequência,
e sim uma das causas do subdesenvolvimento.
Corrupção não é um fenômeno recente
na sociedade, se o fosse a Bíblia não falaria tanto sobre o assunto: Ela afirma que a corrupção tira a razão – “Verdadeiramente
a opressão faz endoidecer até o sábio, e o suborno corrompe o coração” (Ec
7.7); Alguns funcionários públicos que vieram a Jesus lhe perguntaram: “Mestre,
que devemos fazer? Respondeu-lhes: Não peçais mais do que o que vos está
ordenado” (Lc 3.12-13). Soldados vieram a Jesus: “E nós, o que faremos? Ele
lhes disse: A ninguém trateis mal, não deis denúncia falsa, e contentai-vos com
o vosso soldo” (Lc 3.14); Aos juízes Deus ordenou: “Não torcerás a justiça, nem
farás acepção de pessoas. Não tomarás subornos, pois o suborno cega os olhos
dos sábios e perverte as palavras dos justos” (Dt 16.19-20) e advertiu: “O ímpio
aceita o suborno em secreto, para pervertes as veredas da justiça” (Pv 17.23).
Poderíamos citar outra
dezena de textos sobre o assunto, mas acho propício concluir com um dos dez
mandamentos: “Não furtarás”. Pelo que sabemos, até hoje, a validade deste
mandamento não expirou.