Esta era a saudação mais usada pelos cristãos primitivos logo após a ressurreição de Cristo. Quando se encontravam nas ruas ou nas casas, faziam esta declaração que era também sua profissão de fé: Jesus Vive!
É exatamente isto que celebramos na Páscoa. Apesar de que hoje em dia a Páscoa é mais conhecida pelo coelho que bota ovos de todos os tamanhos e cores, esta festa cristã não está relacionada à chocolates e presentes, mas à vitória de Cristo sobre a morte.
As gôndolas estão cheias de ovos de páscoa, e desta forma a figura do coelho mágico é que sobressai. Se perguntarmos às crianças ou mesmo aos adultos sobre o símbolo da páscoa, certamente coelhos ou ovos serão as respostas mais comuns. No entanto, o coelho entra como um intruso num evento do qual não faz parte.
A grande figura da páscoa é o Cordeiro de Deus. Jesus é o nosso “Cordeiro Pascal”. A Páscoa está relacionada ao Cordeiro que tira o pecado do mundo. Páscoa nos lembra o sangue derramado pelo Cordeiro que assumiu nosso lugar. Páscoa nos lembra também da ressurreição do Filho de Deus.
A ressurreição de Cristo é um dos eventos mais celebrados por aqueles que professam a fé cristã. De fato, o que pode ser mais significativo para nossa fé que a compreensão de que Jesus, o Filho de Deus, venceu a morte? Sua vitória sobre a morte é o atestado do seu poder e majestade. Homens malignos podem simular e afirmar serem capazes de grandes feitos, mas quem pode ter vitória sobre a morte senão alguém singular?
Quando os discípulos foram levados diante do sinédrio, a corte suprema do judaísmo, receberam a ordem de que não falassem mais deste Cristo. E a resposta deles não poderia ser diferente: Como poderemos deixar de falar destas verdades? “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). Os membros do sinédrio ficaram convencidos de que algo grandioso havia acontecido. “Na verdade, é manifesto a todos os habitantes de Jerusalém que um sinal notório foi feito por eles, e não o podemos negar” (At 4.16).
Porque Jesus vive, afirmamos sua divindade.
Porque Jesus vive reconhecemos sua autoridade.
Porque Jesus vive, podemos crer no amanhã.
Paulo diz que se a ressurreição de Cristo não aconteceu, somos os mais infelizes dos homens (1 Co 15.19), e nossa fé e pregação nada mais é que pura vaidade (1 Co 15.14) e ainda permanecemos nos nossos pecados (1 Co 15.17), além de sermos “tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam” (1 Co 15.15).
Porque Jesus vive, podemos também crer em nossa própria ressurreição. Sua morte aponta para o fato de que Jesus é a primícia dos que dormem (1 Co 15.20).
Hoje celebramos, exultamos e cantamos louvores Àquele que vive e reina pelos séculos dos séculos!
domingo, 1 de maio de 2011
Comer, Rezar, Amar
Na medida do possível tento ler os Best-sellers, porque compreendo que livros com grandes tiragens e cópias, assim como músicas e filmes, fazem sucesso porque de alguma forma são capazes de traduzir o sentimento coletivo de uma comunidade. O livro, a carta escarlate, de Nathaniel Hawthorne, jamais faria sucesso em nossos dias. O Best-seller acima, escrito pela jornalista Elizabeth Gilbert, já vendeu mais de quatro milhões de cópias e foi traduzido em 36 línguas. A autora relata suas experiências na Itália, Índia e Indonésia, em busca de auto conhecimento, após uma crise existencial e um divórcio doloroso.
Por esta razão me aproximei de “Comer, rezar, amar”. Seu estilo é charmoso e atraente e flui com naturalidade. Na primeira parte, fala de seu reencontro com o prazer de comer nos meses que passa na Itália, sem se condenar e sem analisar quantas calorias estava devorando diariamente.
Na segunda parte, Rezar, fala de suas experiências com o sobrenatural. Seu primeiro encontro se dá dentro do banheiro de sua casa, depois de uma crise com o marido e nas vésperas de iniciar seu processo de divórcio. Na terceira parte, Amar, relata suas aventuras ao encontrar um brasileiro na Indonésia e na descoberta do seu sentido de se relacionar novamente com alguém.
Minhas impressões?
Antes de mais nada, a vaga concepção de Deus. Em alguns momentos ela O define como um Ser sobrenatural, noutras com a natureza e ainda com o seu Eu interior, que na tradição budista é a essência da divindade. O Budista não crê em um Deus pessoal, mas a divindade é encontrada dentro de si mesmo e nas dimensões de sua ancestralidade. Curiosamente, é uma religião sem Deus. Portanto, a busca da autora por Deus é algo “Nowhere, Nobody e Non-sense” (Em lugar algum, a nenhuma pessoa e sem sentido algum). Algo bem distinto da religiosidade Judaico-cristã, que fala em um Deus que tem identidade e personalidade, que se apresenta como “O Deus de Abraão, Isaque e Jacó”, como o “Deus Pai-Filho-Espírito Santo”, que são três pessoas subsistindo em forma de uma só.
Por ter um deus vago, possui também uma ética vaga. Como as pessoas se parecem com seus deuses, um deus amorfo e impessoal não traz em si características estéticas ou morais. Por isto, sexualidade é uma “aposta interessante”, num “momento interessante”, para resolver uma carência existencial do momento. Depois de uma semana de disciplina ascética e espiritual, a autora não tem dificuldade para um encontro amoroso casual.
Já que Best-sellers traduzem o sentimento de uma época, e se esta é a espiritualidade e ética da pós-modernidade, e eu creio que sim, fiquei com um sentimento de que teremos grandes desafios no desenvolvimento de nossa fé pessoal e na educação moral desta geração.
Por esta razão me aproximei de “Comer, rezar, amar”. Seu estilo é charmoso e atraente e flui com naturalidade. Na primeira parte, fala de seu reencontro com o prazer de comer nos meses que passa na Itália, sem se condenar e sem analisar quantas calorias estava devorando diariamente.
Na segunda parte, Rezar, fala de suas experiências com o sobrenatural. Seu primeiro encontro se dá dentro do banheiro de sua casa, depois de uma crise com o marido e nas vésperas de iniciar seu processo de divórcio. Na terceira parte, Amar, relata suas aventuras ao encontrar um brasileiro na Indonésia e na descoberta do seu sentido de se relacionar novamente com alguém.
Minhas impressões?
Antes de mais nada, a vaga concepção de Deus. Em alguns momentos ela O define como um Ser sobrenatural, noutras com a natureza e ainda com o seu Eu interior, que na tradição budista é a essência da divindade. O Budista não crê em um Deus pessoal, mas a divindade é encontrada dentro de si mesmo e nas dimensões de sua ancestralidade. Curiosamente, é uma religião sem Deus. Portanto, a busca da autora por Deus é algo “Nowhere, Nobody e Non-sense” (Em lugar algum, a nenhuma pessoa e sem sentido algum). Algo bem distinto da religiosidade Judaico-cristã, que fala em um Deus que tem identidade e personalidade, que se apresenta como “O Deus de Abraão, Isaque e Jacó”, como o “Deus Pai-Filho-Espírito Santo”, que são três pessoas subsistindo em forma de uma só.
Por ter um deus vago, possui também uma ética vaga. Como as pessoas se parecem com seus deuses, um deus amorfo e impessoal não traz em si características estéticas ou morais. Por isto, sexualidade é uma “aposta interessante”, num “momento interessante”, para resolver uma carência existencial do momento. Depois de uma semana de disciplina ascética e espiritual, a autora não tem dificuldade para um encontro amoroso casual.
Já que Best-sellers traduzem o sentimento de uma época, e se esta é a espiritualidade e ética da pós-modernidade, e eu creio que sim, fiquei com um sentimento de que teremos grandes desafios no desenvolvimento de nossa fé pessoal e na educação moral desta geração.
A Riqueza Indígena
Comemoramos no dia 19 de Abril o dia do Índio. Para Daniel Munduruku, de uma tribo do Pará, formado em história e psicologia, e um dos primeiros índios com doutorado no Brasil, “Manter-se vivo é a maior contribuição que o índio pode dar ao Brasil... Ao manterem-se vivos, esses povos vão trazer uma riqueza cultural, espiritual, moral, que só faz bem ao Brasil... Infelizmente, o país ainda não despertou para isso. Não percebeu que a grande contribuição dos indígenas para o Brasil, é a existência dos indígenas”.
Um dos bons amigos que tenho é da tribo Macuxi, Roraima, e que viveu até os 12 anos entre seu povo. Ouvir suas histórias, ter um lampejo de sua cosmovisão e entender a leitura de mundo que ele traz é para mim uma pós graduação em Antropologia Cultural. Certamente ele enfrenta ambigüidades que não são fáceis de serem administradas, porém, sua sensibilidade para determinadas áreas da vida, sua relação com o Sagrado e sua riqueza de alma, traz uma grandeza que sempre enriquece meu coração.
Perder esta diversidade cultural nos empobrece culturalmente. Atualmente existem 250 povos indígenas teimosamente falando 180 línguas no Brasil. Ao ser chamado de “Índio”, Munduruku ironiza afirmando que não é um índio. Para ele, “índio”, é uma denominação genérica que não reflete o que eles realmente são. “Antes de ser índio, pertenço a um grupo específico, que tem suas crenças, tradições, seus rituais e uma forma própria de lidar com o mundo. Uma forma diferente, inclusiva, dos outros povos que vivem ao redor da gente”.
Conviver, apreciar, aprender com outros povos é uma riqueza maravilhosa. Quem pode estar certo de que nossa percepção e visão de mundo é a melhor?
Eis algumas riquezas que devemos considerar: (a)- Povos minoritários colocam em xeque a cultura do individualismo. Para eles, o senso comunitário deve sempre prevalecer sobre o indivíduo, e sua prática social corresponde à visão que possuem. Um resgate desta visão não nos enriqueceria? (b)- E quando pensamos na nossa cultura de ganância, acúmulo e poupança? O desapego indígena por coisas é contracultural e também deve nos ensinar. (c)- E nossa relação com o ecossistema? O Ocidente tende a ver a natureza como alguma coisa a ser conquistada, mas para povos indígenas, o meio ambiente é um companheiro de caminhada nesse planeta.
Muitas áreas poderiam ser consideradas nesta abordagem, por isto é importante considerar quão pobre nos tornamos ao desprezarmos a riqueza da cosmovisão indígena. Quanta riqueza estamos jogando fora...
Um dos bons amigos que tenho é da tribo Macuxi, Roraima, e que viveu até os 12 anos entre seu povo. Ouvir suas histórias, ter um lampejo de sua cosmovisão e entender a leitura de mundo que ele traz é para mim uma pós graduação em Antropologia Cultural. Certamente ele enfrenta ambigüidades que não são fáceis de serem administradas, porém, sua sensibilidade para determinadas áreas da vida, sua relação com o Sagrado e sua riqueza de alma, traz uma grandeza que sempre enriquece meu coração.
Perder esta diversidade cultural nos empobrece culturalmente. Atualmente existem 250 povos indígenas teimosamente falando 180 línguas no Brasil. Ao ser chamado de “Índio”, Munduruku ironiza afirmando que não é um índio. Para ele, “índio”, é uma denominação genérica que não reflete o que eles realmente são. “Antes de ser índio, pertenço a um grupo específico, que tem suas crenças, tradições, seus rituais e uma forma própria de lidar com o mundo. Uma forma diferente, inclusiva, dos outros povos que vivem ao redor da gente”.
Conviver, apreciar, aprender com outros povos é uma riqueza maravilhosa. Quem pode estar certo de que nossa percepção e visão de mundo é a melhor?
Eis algumas riquezas que devemos considerar: (a)- Povos minoritários colocam em xeque a cultura do individualismo. Para eles, o senso comunitário deve sempre prevalecer sobre o indivíduo, e sua prática social corresponde à visão que possuem. Um resgate desta visão não nos enriqueceria? (b)- E quando pensamos na nossa cultura de ganância, acúmulo e poupança? O desapego indígena por coisas é contracultural e também deve nos ensinar. (c)- E nossa relação com o ecossistema? O Ocidente tende a ver a natureza como alguma coisa a ser conquistada, mas para povos indígenas, o meio ambiente é um companheiro de caminhada nesse planeta.
Muitas áreas poderiam ser consideradas nesta abordagem, por isto é importante considerar quão pobre nos tornamos ao desprezarmos a riqueza da cosmovisão indígena. Quanta riqueza estamos jogando fora...
Nos encontraremos no Paraíso
Ficamos chocados nesta semana com a tragédia que envolveu nosso irmão Deocleciano Moreira Alves, quando sua lancha desgovernou-se no Rio Araguaia, ceifando sua vida aos 58 anos de idade. Depois de 2 dias de busca seu corpo foi encontrado 32 kms abaixo do local do acidente. Ele é pai de nossa irmã Roberta (Rafael) e a igreja esteve presente nestes momentos carregados de perplexidade.
O que poucos sabem é que, antes de sair para o seu fatídico passeio de lancha, ficou falando sobre a bíblia com seus amigos por quase 2 horas, e para encerrar este tempo de conversa afirmou: “O que eu sei é que todos nos encontraremos no Paraíso”.
Paraíso é um dos termos bíblicos para designar o céu, lugar das beatitudes. Alguns judeus criam era um dos “andares” da estrutura celestial, mas a bíblia não dá nenhuma margem para este tipo de especulação, e Jesus também não via diferença entre céu e paraíso. Quando foi crucificado, um dos ladrões suplica: “Lembra-te de mim quando vieres no teu reino”, e Jesus responde: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.42-43). Portanto, este era o destino final de Jesus, seu “ponto de parada” na eternidade, e ele promete àquele homem desesperançado, uma vida eterna ao seu lado. Que grande promessa...
Paraíso, antes de ser um local, porém, é um estado de beatitude. O que faz do paraíso um lugar tão especial é que ali a presença de Deus é plena. Não há sinais do pecado, nem da ação do maligno e do mal. O inferno pode ser definido como a ausência absoluta de Deus, enquanto o céu é o local onde Deus enche tudo em todas as coisas. Jesus promete ao ladrão que naquele mesmo dia, eles se encontrariam em algum lugar para além da história.
É maravilhoso saber que Jesus nos espera neste lugar. Já na presente época, nossa vida se reveste de sentido quando Deus está ao nosso lado, pois, seja “em casa ou gruta, boa ou ruim, é sempre céu com Cristo em mim”. Saber que poderemos ver Jesus, e reencontrar pessoas que amamos neste lugar, é uma promessa maravilhosa. Afinal, estamos absolutamente certos de que “todos nos encontraremos no Paraíso”.
O que poucos sabem é que, antes de sair para o seu fatídico passeio de lancha, ficou falando sobre a bíblia com seus amigos por quase 2 horas, e para encerrar este tempo de conversa afirmou: “O que eu sei é que todos nos encontraremos no Paraíso”.
Paraíso é um dos termos bíblicos para designar o céu, lugar das beatitudes. Alguns judeus criam era um dos “andares” da estrutura celestial, mas a bíblia não dá nenhuma margem para este tipo de especulação, e Jesus também não via diferença entre céu e paraíso. Quando foi crucificado, um dos ladrões suplica: “Lembra-te de mim quando vieres no teu reino”, e Jesus responde: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.42-43). Portanto, este era o destino final de Jesus, seu “ponto de parada” na eternidade, e ele promete àquele homem desesperançado, uma vida eterna ao seu lado. Que grande promessa...
Paraíso, antes de ser um local, porém, é um estado de beatitude. O que faz do paraíso um lugar tão especial é que ali a presença de Deus é plena. Não há sinais do pecado, nem da ação do maligno e do mal. O inferno pode ser definido como a ausência absoluta de Deus, enquanto o céu é o local onde Deus enche tudo em todas as coisas. Jesus promete ao ladrão que naquele mesmo dia, eles se encontrariam em algum lugar para além da história.
É maravilhoso saber que Jesus nos espera neste lugar. Já na presente época, nossa vida se reveste de sentido quando Deus está ao nosso lado, pois, seja “em casa ou gruta, boa ou ruim, é sempre céu com Cristo em mim”. Saber que poderemos ver Jesus, e reencontrar pessoas que amamos neste lugar, é uma promessa maravilhosa. Afinal, estamos absolutamente certos de que “todos nos encontraremos no Paraíso”.
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