Estamos no ano do centenário de Anápolis, e começamos este ano com uma baixa auto estima. Nada pode ser mais desastroso na vida que uma instituição que se sente por baixo, que perde seu orgulho pessoal.
Cidade tem ciclos, assim como a vida. Nem sempre se ganha! Muitas vezes é necessário atravessar períodos conturbados para que ajustes sejam feitos, o trigo seja separado do joio, as identidades se tornem conhecidas. A peneira do tempo exerce juízo de valor. Quem hoje se sente rei, amanhã pode ser vilão, e vice-versa.
Analisamos aspectos diversos como o desafio da cidade e do fenômeno da urbanização, com suas características de mobilidade, anonimato, diversidade, alienação, pobreza e cidadania. Refletimos sobre os ensinamentos bíblicos e o desafio da justiça social, com seus desdobramentos quanto ao cuidado com o emprego, desenvolvimento e participação solidária. Estudamos ainda o desafio da intercessão, isto é, a necessidade da igreja orar pela sua cidade e pelos que a dirigem.
Chegamos à conclusão de que existe um silêncio da igreja sobre a questão urbana. Pensamos pouco sobre a cidade e nosso envolvimento com a mesma, apesar de nosso mundo ser um mundo urbano e a Bíblia também ser um livro urbano: Os grandes personagens das Escrituras viveram num contexto urbano, alguns em grandes cidades. O ministério de Jesus foi realizado nas cidades, e o livro que registra os atos dos apóstolos demonstra que a ênfase dos discípulos era focalizada nas cidades.
Na medida em que refletíamos sociológica e teologicamente sobre a cidade, ficamos impressionados com o cuidado e zelo que Deus tem por ela e os inúmeros textos que ensinam os cristãos a terem uma relação positiva com a cidade, até mesmo com aquelas que aparentemente não deveriam ser amadas como Nínive, que pertencia aos babilônios (Jr 29.4-7).
Algumas aplicações práticas puderam ser analisadas:
Precisamos cuidar de nossa cidade – Isto envolve participação solidária. Tem a ver com a forma que lidamos com o lixo da nossa casa, segurança de nosso bairro, até plantação de árvores e jardins. Uma cidade torna-se bonita na medida em que seus cidadãos resolvem fazê-la bonita. Apesar de ser responsabilidade da administração local zelar pela sua aparência, limpeza e em tapar os buracos que nela existem, não podemos deixar de cuidar bem de nossos lotes, jogar lixo na rua e latas de refrigerantes nas ruas. Vendo tantas pessoas jogando lixo de dentro de seus carros, sem a menor discrição, chego a perder a esperança de que ainda existam pessoas civilizadas. Como alguém pode deliberadamente emporcalhar as ruas da sua cidade jogando papel de balinhas, jornais velhos e escombros de reforma na rua?
Precisamos prestigiar nosso comércio local – Teoricamente, um comércio próspero gera mais emprego, qualificação profissional, movimentação financeira e impostos, que redundam em benefício do município e de seus habitantes em geral. Quando compramos fora, não por necessidade mas por mero esnobismo, enfraquecemos o esforço de nossos comerciantes locais e a competitividade que torna-se produtiva para nossa cidade.
Precisamos orar pela nossa cidade – Muitas vezes a Bíblia nos exorta a fazer isto. Orar pelos políticos, pela liderança, pelos soldados, pelos encarcerados, pelos hospitalizados, pelos jovens, pela educação, pela saúde financeira de nosso povo, por empregos, e assim por diante.
Em linhas gerais, estes são alguns aspectos que nos ajudam a amar a nossa cidade. Parabéns Anápolis!