segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os pequenos prazeres da vida


 
 

Com o passar do tempo, vamos descobrindo que o que realmente nos dá prazer não são coisas sofisticadas e caras, mas coisas muito simples. Meu irmão mais velho, com o seu pragmatismo característico, costuma afirmar que, para uma criança de 4 anos, tanto faz estar na Disney World ou brincando numa piscina de plástico no fundo do quintal de um amiguinho ou na casa da avó; diz também que a alegria dos pais é ter a casa com os filhos e netos... Seria verdade sua afirmação ou apenas simplismo?

Num mundo frenético por aventuras e adrenalina, ansiosos por novas formas de prazer e diversão, precisamos aprender a descobrir os pequenos prazeres que realmente nos dão alegria. Um amigo me comentou que havia pensado dar uma grande festa ao completar seus 70 anos, mas que agora está repensando, porque gostaria de ter nesta festa apenas as pessoas que ele realmente gostaria de ter, mas não sabe como fazer...

Uma pessoa idosa escreveu que, à medida que gradualmente perdia a audição, pensava no prazer da pessoa querida, no canto dos pássaros, no vento e no barulho da chuva; com a perda gradativa da visão, passou a pensar no prazer da leitura de um livro, na beleza do céu estrelado e da lua cheia, no charme do por de sol, no canteiro de flores; à medida que sua dieta se tornava cada vez mais frugal, pensava nos prazeres da comida simples e bem preparada – num feijão feito na hora, num almoço agradável com a família e amigos. Desta forma, ia descobrindo prazeres que a vida proporcionava e aprendia a agradecer a Deus por toda as dádivas que havia recebido.

Cada um possui pequenos prazeres na vida. Alguns se permitem desfrutar dos mesmos, outros encontram dificuldades para vivenciá-los. Para mim, um dos maiores prazeres é estar com a família, acampado à beira do rio na fazenda de um dos meus irmãos. Tudo é muito simples, mas nada é tão reconfortante e salutar para minha alma. Felizmente minha esposa compartilha do mesmo hobby. Isto potencializa minha alegria.

Muitas vezes gastamos muito dinheiro em extenuantes viagens e caros hotéis, mas não temos sido capazes de celebrar. Eventualmente coisas simples, feitas com alegria e singeleza de coração trazem grande contentamento. Tenho encontrado amigos que se sentem completamente sem estresse depois de uma caminhada numa estrada de chão, outros de apenas assentar-se do lado de fora de sua casa e contemplar o céu estrelado. O ponto não é o que você faz, mas quanto prazer você encontra no que faz...

Com o passar do tempo, a gente perde a fantasia de viver para os outros, e descobre que, a vida é essencialmente simples, e que a temos complicado demais... Certamente existe um novo jeito de viver e contemplar a vida. Por isto Jesus dizia: “Observai as aves dos céus... Os lírios do campo”. Afinal, “do luar, não há mais nada a dizer; a não ser, que a gente precisa ver o luar”. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Marketing e realidade


 

A propaganda tem objetivos específicos: Despertar desejos e gerar necessidades. Para que isto se dê suas propostas sao mais que atraentes: "voce é feito para quê?” (tag heuer) Sugerindo que sem o referido produto, você ainda não se tornou aquilo para o que foi feito, enquanto ser humano.  "Just do it!" (Nike). Dando a impressão de que o que você precisa é adquirir seus produtos. "Onde os seus sonhos se tornam realidade" (Disney World), fazendo-nos pensar que estando nos seus parques, a vida se realiza por completo. Ao ver todas estas sugestões, um pai cristāo costumava brincar com seus filhos dizendo: "Não acredite neles, eles estāo querendo nos enganar". Jacques Ellul, um dos meus autores prediletos, teólogo francês, sugere que uma das bestas do apocalipse é a propaganda. Chego a pensar que ele estava certo...

A propaganda gera desejos e cria necessidades. Depois de algum tempo ouvido e vendo suas imagens, você tem a impressão de que realmente precisa daquelas coisas. Esta é a razão pela qual sabiamente as propagandas de cigarro foram tiradas da televisão. As novas gerações viam os charmosos carros, cavalos, mulheres e homens tão perfeitos e os associavam sua felicidade e sucesso ao uso do cigarro.

Depois de ver um relógio tagheuer e um produto da apple sendo atrativamente oferecido, somos atiçados pelos sons e imagens e desejamos o mesmo. Steve Jobs afirmou que não lhe interessava saber o que as pessoas queriam para criar um novo produto, mas que fazia os produtos e convencia as pessoas de que era exatamente isto que elas precisavam. Seus produtos iriam convencer ao público do que ele queria. Entrevistas recentes com Jovens que usam Iphone mostram que alguns deles prefeririam morrer a ter que viver sem este objeto de desejo e consumo.

A disposição dos produtos nas prateleiras dos supermercados, os sons, cores e imagens a eles associados, são cuidadosamente planejado pelos marqueteiros. Até mesmo os políticos, se tornam desejados por nós como foi feito na eleição do então desconhecido Collor de Mello.

A forma que um produto nos é oferecido, nos conduz a um velho caminho já apontado na gênese da raça humana. A velha serpente criou necessidades e gerou descontentamento, desejos e suspeitas no Éden. Eva tinha tudo, mas mesmo assim, quando um novo e atraente produto foi empacotado num argumento sugestivo, sua vida se tornou um inferno. Ela tinha todas as coisas, exceto uma; Satanás sugeriu que exatamente aquela que ela nāo tinha é que lhe fazia falta. Portanto, é possível estar no paraíso e ainda ficar insatisfeito por causa de uma propaganda.

Nossos pais aceitaram a sugestāo da serpente e nāo creio que conseguiríamos resistir à tentaçāo se estivessemos no lugar deles. Ofertas bem menos sugestivas nos tem sido feitas e facilmente temos anuído à elas. O marketing ulptrapassa a realidade,concebe a utopia e faz-nos sentir incompletos, mesmo tendo tudo o que temos e muito mais do que precisamos.